A Pedra Híbrida

Data:  de 28 de Maio a 23 de Junho de 2016

Local: Galeria Aqui d’el Arte, Edifício CECHAP

Inauguração: 26 de Junho de 2016, às 17h00

A Pedra Híbrida — ao esboroar melancólico da natureza das formas

Ao gesto e ao tempo que a pintura de Ana Guerreiro dá sedimento, sobra melancólica e insólita a macieza de uma luz/sombra, que atenta o princípio do espaço como plasticidade arquitectónica guardado na pedra.

O real da obra vibra nesta estranheza significativa: a pedra é como uma brutal totalidade que impressiona a pintora como se a luz/sombra criasse uma correspondência ao em si mesmo de uma Forma por profanar.

É a pedra que resiste como história de pedra no seio de um trato impressionista, qual rasto de expressão em que pintura procura uma extensão: um retorno a um bloco de magma de onde sai o aveludar da luz, como se procurasse rasgar a origem do ser pedra, o compacto arquitectural na sua cristalina espácio-temporalidade.

É preciso sentir que há uma luta entre a representação dirigida a uma mínima instância de gravidade e o que expressa a intrínseca volatilidade da impressão ondulante do espaço: a permanência de um certo peso pétreo enleia-se aos desequilíbrios acrescentados pelo brilho irradiante, pelo carácter plasmático da cor-sombra, pelos vazios, pela configuração de planos de proximidade/profundidade.

Dir-se-ia então mister do pintado a irradiação da cor que, na inteligência processual da pintora, faz do gesto texturado, também, um modo tonal para recriar o espaço escondido que reverbera no limite da natureza sensível da visão interior de uma pedra, expressando desdobramentos, mas como se tudo já estivesse dado nessa totalidade: onde há arestas de sombra e de brilho, fácies marmóreas, há, ainda, o abrir abrupto da representação intuitiva acerca de dominar essa expressão da sedimentação, de sublinhar uma ideia intrínseca à experiência da história da resistência da matéria, da sua duração como cristalização da luz/cor.

Ou será, antes, da cristalização do seu brilho/sombra?

Na verdade, a melancolia poderia ser nesta exposição um reflexo de uma condição em que a pintora mede o quanto pode designar acerca da inércia, da rigidez de uma pedra, e, ao mesmo tempo, fazer do brilho/sombra das formas a resposta que vai reverberando ao repto de uma dança no espaço-fundo.

Por isso, no processo pictórico elide-se o poisio natural de representação de uma pedra, mas o impacto expressivo resulta numa luta entre o ser que quase paira e o poder que nele se encerra como plasmação. (…).

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